ENDOMETRIOSE
O endométrio é o tecido que reveste a cavidade do corpo uterino (mucosa). Quando localizado fora da cavidade uterina provoca dois tipos de enfermidades: a adenomiose, na qual o endométrio está dentro do miométrio (musculatura do corpo uterino), e a endometriose, na qual o endométrio está fora do corpo uterino. Essas duas doenças foram descritas pela primeira vez por Carl von Rokitansky em 1860.
A endometriose é uma doença frequente nas mulheres em idade reprodutiva (1 a 2%), nas mulheres inférteis (15%), nas mulheres operadas com dor pélvica (20%) e nas mulheres inférteis com dor pélvica (50%).
O quadro clínico é amplo, em função da localização e da gravidade das lesões: dismenorreia progressiva, dor pélvica crônica, dispareunia profunda, distúrbio menstrual, infertilidade, problemas com a função intestinal e problemas com a função urinária.
É importante lembrar que 8 a 10% das mulheres portadoras de endometriose são assintomáticas e o diagnóstico só é firmado quando se realiza algum exame de imagem ou alguma intervenção.
A endometriose pode se manifestar em três níveis:
- Endometriose superficial: implantes peritoneais com profundidade ≤ 5 mm. Não é visível com a ultrassonografia e geralmente é identificada com a videolaparoscopia.
- Endometriose ovariana: cistos endometrioides (endometriomas). Facilmente identificada com a ultrassonografia, principalmente quando os cistos são ≥ 2 cm.
- Endometriose profunda: implantes com profundidade > 5 mm. A ultrassonografia é o método de escolha para o diagnóstico. Quando negativa, prossegue-se a investigação com a ressonância magnética e/ou a videolaparoscopia, dependendo das indicações clínicas.
O estadiamento mais utilizado da endometriose é o da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM):
- Estágio 1 (doença mínima): implantes superficiais isolados e sem aderências.
- Estágio 2 (doença leve): implantes superficiais agrupados e sem aderências.
- Estágio 3 (doença moderada): múltiplos implantes superficiais e aderências peritubárias e periovarianas.
- Estágio 4 (doença grave): endometriomas ovarianos, implantes profundos e aderências densas e firmes.
O estadiamento indica a gravidade anatomopatológica da doença, mas, infelizmente, não tem relação com a intensidade dos sintomas ou com o prognóstico reprodutivo.
Endometrioma Ovariano
Figura 1
A Figura 1 mostra endometrioma ovariano, fluido peritoneal aumentado e aderência fina.
Folículos Retidos
Figura 2
A Figura 2 mostra endometrioma ovariano, folículos retidos, fluido peritoneal aumentado e aderências grossas.
Endometriose Profunda
Figura 3
A Figura 3 mostra endometriose profunda localizada no retossigmoide e no torus uterino.
A endometriose, independente do seu estágio, é a principal causa de algia pélvica e de infertilidade em mulheres de idade reprodutiva.
Alterações Ovarianas Funcionais
Figura 4
A Figura 4 mostra endometriose profunda em paciente com algia pélvica crônica e infertilidade.
A esterilidade relacionada à endometriose é uma condição complexa e de difícil manejo, pois envolve múltiplos fatores, tais como: alterações ovarianas funcionais, processo inflamatório pélvico, aderências, função peritoneal alterada, alterações tubárias, fatores imunológicos pélvicos e alterações endometriais (bioquímicas e histológicas).
Endometrioma e Retenção Folicular
Figura 5
A Figura 5 mostra endometrioma e retenção folicular em mulher com infertilidade.