05 Mar 2017

DIAGNÓSTICO ECOGRÁFICO DE MALFORMAÇÕES NA GRAVIDEZ DE 11 A 13 SEMANAS

A ultrassonografia rotineira entre 11 e 13 semanas permite o diagnóstico precoce de algumas malformações graves, devido à precocidade com que elas se manifestam.

Trabalhos recentes, coordenados pela Fetal Medicine Foundation, utilizando o protocolo mínimo de estudo morfológico do primeiro trimestre, mostraram que as malformações maiores podem distribuídas em três grupos:

1. Anomalias que são sempre detectadas (31%)

2. Anomalias que não são detectadas (26%)

3. Anomalias algumas vezes detectadas (43%)

No grupo das anomalias que são sempre detectadas, podemos citar: acrania, holoprosencefalia alobar, onfalocele, megabexiga e a sequência malformativa do cordão curto (Body Stalk Syndrome).

Essas malformações são identificadas na rotina morfológica padronizada, independente do serviço, pois elas estarão sempre presentes nessa fase da gestação. Lembrar ainda que:

- a holoprosencefalia tem uma prevalência de 1/1.800, e está relacionada com a trissomia 13 em 66% dos casos.

- a onfalocele tem uma prevalência de 1/380, e está relacionada com a trissomia 13 ou a trissomia 18 em 55% dos casos.

- a megabexiga tem uma prevalência de 1/1.800, e está relacionada com a trissomia 13 ou a trissomia 18 em 31% dos casos.

As anomalias que nunca são detectadas ocorrem devido a que a estrutura ainda não se desenvolveu nessa idade gestacional, ou a que a doença necessita de uma evolução natural, e os sinais ainda não estão presentes no primeiro trimestre. Por exemplo:

- a agenesia do corpo caloso: o corpo caloso ainda não está desenvolvido.

- a malformação adenomatosa cística do pulmão: a doença já está instalada, mas ainda não há secreção de líquido suficiente para provocar as dilatações císticas.

No grupo das malformações algumas vezes detectadas, teremos os seguintes fatores limitantes para o diagnóstico:

- o tempo dedicado ao exame,

- o nível de treinamento do profissional,

- a qualidade do equipamento,

- o biótipo materno.

Alguns exemplos das malformações algumas vezes detectadas são: espinha bífida (14%), ventriculomegalia (9%), anomalias cardíacas (33%), hérnia diafragmática (50%) e ausência das mãos e/ou dos pés (66%).

 

O exame ecográfico é uma arte, e, como tal, exige constante aprimoramento artístico do profissional, além da atualização periódica do equipamento. Devemos estar sempre atentos, para não deixar passar uma malformação do grupo 1 (sempre detectáveis) e para melhorar as taxas de detecção das malformações do grupo 3 (algumas vezes detectadas).