25 Fev 2017

Nas últimas décadas, a ultrassonografia do primeiro trimestre  sofreu uma evolução enorme.

Inicialmente, o exame foi utilizado para avaliar as questões básicas da Obstetrícia, desde a datação correta da gravidez, através da medida do comprimento cabeça-nádega, até o diagnóstico dos quadros de abortamento, da gravidez ectópica  e da doença trofoblástica gestacional, além de condições ginecológicas associadas à gravidez (mioma, malformação uterina, por exemplo).

Essas aplicações da ultrassonografia continuam muito importantes, mas, desde a padronização da medida da translucência nucal para o rastreamento dos fetos com risco para trissomia 21 e algumas outras (T13, T18 e 45X, principalmente), na última década do século passado, que a avaliação do feto de 11 a 13 semanas se tornou um exame muito mais complexo.

Assim, inúmeros estudos promoveram a padronização da ecografia para a aferição de fatores de risco para diversas condições, como por exemplo: pré-eclâmpsia, prematuridade, diabetes gestacional, abortamento  tardio, desvios do crescimento fetal, etc. O exame adquiriu importância enorme, superando as indicações das outras fases da gestação, com a mesma importância do estudo morfológico de 22 semanas.

Ainda mais, o efeito colateral da procura da translucência nucal, foi o aprimoramento da avaliação da anatomia fetal do primeiro trimestre, visando o diagnóstico precoce de algumas malformações graves.

Padronizou-se um protocolo mínimo para a avaliação da anatomia do feto  de 11 a 13 semanas, através de cortes seccionais, como:

- Corte transversal da cabeça: avaliamos o crânio, a linha media, o plexo coroide preenchendo os ventrículos laterais e a fossa posterior.

- Corte transversal e sagital da face: avaliamos a presença do osso nasal, a forma da cabeça, a mandíbula e a avaliação do palato através da visualização do triangulo facial.

- Corte transversal do tórax: visibilizamos a posição do coração fetal e os pulmões.

- Corte transversal e longitudinal do abdome: avaliamos as posições do estomago, do fígado, do cordão umbilical, da bexiga fetal e o fechamento da linha média.

- Avaliação dos membros e da presença das extremidades.

Com esse protocolo, o profissional não perde muito tempo e diminui o risco de erro na avaliação da anatomia fetal. O diagnóstico de várias anomalias estruturais graves foi antecipado para o primeiro trimestre, com inúmeras vantagens para o manejo da gravidez.

 

Fica claro, com o exposto acima, a importância da inclusão da ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre na rotina da assistência pré-natal.